domingo, 13 de abril de 2008

1793 - Impressões

Olá, "senhores e gentis senhoras".

Acabo de retornar da sede do TESCOM, onde assisti - muito bem acompanhado pelas queridíssimas Marcèlle e Ana Lúcia - a peça teatral 1793, da qual fazem parte nosso estimado professor Renato Paes e seu companheiro de palco Marco França, aluno do terceiro ciclo de Letras.

Devo dizer que me surpreendi desde o início: soube-se utilizar muito bem o limitado espaço do palco, bem como desenvolver as falas de forma clara e audível. Os artistas demonstraram concentração, competência e, acima de tudo, experiência e intimidade com seus personagens. No entanto, o que certamente mais me agradou foi a temática do espetáculo: as desventuras da Revolução Francesa. Pude me envolver cada vez mais ao passo que um verdadeiro embate acontecia em palco, revelando os conflitos entres os ideais dos revolucionários, demonstrando não somente suas motivações e anseios, como também aquilo que os desmotivava e os fazia pensar, dia após dia, em desistir de seus objetivos.

A ideologia da época - a qual podemos encontrar ainda presente nos dias de hoje - foi bem explorada, sobretudo no que abrange a diferença social e os discursos "competentes" dos governantes. O anseio do povo por melhorias e mudanças também recebeu seu destaque, tendo simbolicamente representada a assassina de Jean Paul Marat - a interiorana Charlotte Corday.

É, também, uma crítica à inércia e à alienação da população diante da tirania das classes dominantes. Mostra-se que não existem verdades absolutas, mas sim as que cada um considera suas próprias verdades. Um espetáculo digno de ser visto e revisto.

Abraços,
Raoni

Um comentário:

Edson Florentino José disse...

Olá, Raoni!

Infelizmente ainda não pude assistir ao espetáculo "1793". Espero não perder a próxima oportunidade que houver para prestigiar o trabalho dos bons atores e colegas estimados. Porém, o conhecimento do fato histórico e de seus desdobramentos,tema da peça, permite-me avaliar a pertinência de seus comentários. A questão da ideologia está muito bem posta por você e é possível ajudar-nos na reflexão sobre o papel da linguagem nas atividades humanas (tema do TIDIR), sobretudo quando entendemos ser por meio dela que (re)construímos a realidade que, nem sempre, é representação fiel do "real". A 'realidade', nesta perspectiva, torna-se uma "invenção", o que nos faz questionar o conceito filosófico de "verdade". "Verdade" é tudo aquilo que fazemos o outro "crer como verdadeiro", processo que só pode se materializar com e pela linguagem. Abraço!!